Quando a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) anunciou o edital de credenciamento de profissionais do setor cultural e artísticoSanta Catarina, ficou claro que o objetivo é montar um Banco de Oficineiros que servirá a toda a rede cultural do estado. As inscrições vão de 1º de abril a 23 de maio de 2025, e o resultado final será publicado no Diário Oficial do Estado. Essa iniciativa oferece a artistas, artesãos e produtores um canal formal para serem chamados em projetos apoiados pela FCC.

Contexto do edital e sua importância para a cultura catarinense

O credenciamento não é novidade no cenário cultural do Sul. Desde 2018, a FCC tem buscado fortalecer a cadeia produtiva da arte, criando mecanismos que permitam a contratação rápida e transparente de especialistas. O novo edital, com validade de dois anos, segue essa lógica, mas traz algumas mudanças: agora a seleção será feita por nota, e a prorrogação pode acontecer por mais dois anos, caso haja demanda.

Segundo a coordenadora de Política Cultural da FCC, Ana Lúcia Ribeiro, "o Banco de Oficineiros funciona como um catálogo vivo. Quando um município precisa de um professor de dança ou de um cineasta para um workshop, a gente consulta a lista e chama quem tem a melhor nota". Esse modelo já funciona em Curitiba, onde a Fundação Cultural de Curitiba mantém um cadastro semelhante há três anos.

Detalhes das áreas e especialidades contempladas

O edital divide as vagas em três grandes áreas, cada uma com especialidades bem definidas. Abaixo, a lista completa:

  • Artes Cênicas: Circo, Dança Contemporânea, Dança Coreográfica, Dança de Salão, Teatro e Teatralização Infantil.
  • Artes Visuais: Artes Visuais Infantil, Cerâmica, Cultura Digital, Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, História da Arte, Pintura e Artesanato.
  • Audiovisual: especialidades não detalhadas no documento, mas que abrangem produção, edição e direção.

Interessante notar que, embora o item "Audiovisual" esteja vago, a FCC garante que os candidatos deverão apresentar portfólio que comprove experiência em pelo menos duas das subáreas técnicas.

Como se inscrever: prazos, documentos e plataforma

As inscrições iniciam às 00h01 do dia 1º de abril de 2025 e se encerram às 23h59 de 23 de maio. O processo é totalmente online, por meio da plataforma credenciamento‑oficineiro‑fcc.fepese.org.br. O candidato deve preencher:

  1. Dados pessoais e contato.
  2. Currículo detalhado, destacando experiência nas áreas de interesse.
  3. Portfólio digital (links, vídeos ou PDFs).
  4. Comprovante de residência em Santa Catarina.

Um e‑mail de suporte ([email protected]) está disponível para dúvidas até três dias úteis antes do término das inscrições.

Processo de seleção, pontuação e convocação

Processo de seleção, pontuação e convocação

Após o término, a comissão da FCC avalia os cadastros com base em três critérios: pertinência do currículo (40 %), qualidade do portfólio (40 %) e experiência regional (20 %). Cada candidato recebe uma nota de 0 a 100. Os primeiros colocados de cada especialidade formam a lista de credenciados. Quando a FCC precisar de um oficina, a ordem de chamada segue essa classificação.

O Resultado Final foi divulgado em 26 de junho de 2025 no site da FCC e, simultaneamente, no Diário Oficial do Estado. Os selecionados recebem um e‑mail de convocação, devendo aceitar a proposta em até cinco dias úteis e entregar a documentação completa em até dez dias úteis. Falhas nesse prazo podem gerar a exclusão da lista por aquele ciclo de contratação.

Impacto esperado para os profissionais e para a cena cultural de Santa Catarina

Para quem vive da arte, ter um cadastro oficial abre portas que antes eram acessíveis apenas por redes informais. O Banco de Oficineiros pode gerar, conservadoramente, 150 contratações pontuais ao longo de dois anos, segundo a própria FCC. Isso significa renda garantida para artistas que, em tempos de crise, muitas vezes dependem de trabalhos esporádicos.

Além disso, a iniciativa fortalece a descentralização cultural. Municípios menores, como São José e Palhoça, poderão solicitar oficinas sem precisar buscar parceiros externos, reduzindo custos e mantendo o dinheiro circulando dentro do estado.

Especialistas em políticas culturais apontam que esse modelo pode servir de referência nacional. "Se Santa Catarina conseguir equilibrar a qualidade da seleção com a rapidez da contratação, outras states vão querer copiar", comenta Carlos Mendes, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Próximos passos e o que observar nos próximos meses

Próximos passos e o que observar nos próximos meses

O próximo marco será a primeira chamada de oficialização, prevista para julho de 2025. Até lá, os credenciados devem manter seus dados atualizados e ficar atentos às comunicações da FCC. Também é esperado que a instituição publique relatórios semestrais de uso do Banco, permitindo que os profissionais acompanhem a demanda por suas especialidades.

Em síntese, o edital representa uma oportunidade concreta de profissionalização para quem trabalha com arte em Santa Catarina. Basta ficar ligado nos prazos e preparar um portfólio que mostre o melhor do seu trabalho.

Perguntas Frequentes

Como posso saber se meu currículo será aceito?

A FCC utiliza três critérios – currículo, portfólio e experiência regional – para pontuar os candidatos. Se sua formação está diretamente ligada a uma das especialidades listadas e você possui trabalhos publicados ou exibidos, as chances aumentam. Revisar o edital e comparar seu histórico com os requisitos ajuda a calibrar a expectativa.

Qual a validade do credenciamento e como funciona a prorrogação?

O credenciamento tem validade de dois anos a partir da homologação. Caso haja demanda e a FCC decida, pode prorrogar por mais dois anos, mantendo a mesma lista de notas, a menos que haja nova convocação ou atualização de dados.

Os profissionais de fora de Santa Catarina podem participar?

Não. O edital restringe as inscrições a residentes no estado, justamente para estimular a produção local e facilitar a logística das oficinas que a FCC pretende promover em municípios catarinenses.

Qual o prazo para aceitar a convocação e formalizar a contratação?

Depois de receber o e‑mail de convocação, o profissional tem cinco dias úteis para confirmar o aceite. A documentação completa deve ser enviada em até dez dias úteis a partir da data da confirmação.

Quais são as principais áreas de atuação que a FCC pretende contratar?

Artes Cênicas (circo, dança, teatro), Artes Visuais (pintura, escultura, fotografia, cultura digital) e Audiovisual. Cada área tem sub‑especialidades que podem ser demandadas conforme projetos de escolas, comunidades e eventos públicos.

8 Comentários
  • Cris Vieira
    Cris Vieira

    A criação do Banco de Oficineiros pela FCC traz uma camada institucional que pode otimizar a contratação de profissionais culturais em todo o estado. Ao centralizar currículos e portfólios, a comissão ganha mais transparência no processo seletivo, reduzindo a dependência de redes informais. A pontuação dividida em currículo, portfólio e experiência regional garante que o julgamento leve em conta tanto a formação quanto a prática local. Com validade de dois anos e possibilidade de prorrogação, o mecanismo parece pensado para acompanhar a demanda cíclica dos projetos culturais. Em resumo, trata‑se de uma ferramenta que pode acelerar a entrega de oficinas e projetos nas escolas e comunidades.

  • Williane Mendes
    Williane Mendes

    O edital de credenciamento da FCC, ao institucionalizar o Banco de Oficineiros, representa um marco paradigmático na gestão da cultura catarinense, pois converte a informalidade tradicional em um modelo de governança baseada em métrica de desempenho e qualificação técnica. Cada especialidade, seja nas artes cênicas, visuais ou no audiovisual, foi criteriosamente segmentada para permitir que a comissão avalie não apenas a formação acadêmica, mas também a produção efetiva ao longo da trajetória profissional do candidato. A alocação de 40 % da pontuação ao currículo e outros 40 % à qualidade do portfólio cria um duplo viés de validação que simultaneamente reconhece a credibilidade institucional e a criatividade prática do artista. Este balanceamento, ao lado dos 20 % reservados à experiência regional, reflete uma compreensão sistêmica da necessidade de reforçar a identidade local sem desconsiderar a excelência técnica. Além disso, a validade de dois anos, com possibilidade de prorrogação, estabelece um horizonte temporal suficientemente amplo para que os projetos de longo prazo possam ser planejados com segurança jurídica, ao mesmo tempo em que evita a obsolescência dos cadastros. A estratégia de convocação baseada em ranking numérico garante que a ordem de chamada siga um critério meritocrático transparente, reduzindo o risco de favorecimento arbitrário e de nepotismo. Tal abordagem, ainda que formal, tem potencial de gerar um efeito cascade nas municipalidades menores, que poderão acessar rapidamente um leque de especialistas sem precisar abrir processos licitatórios complexos. É importante notar que a exigência de portfólio digital, com links, vídeos ou PDFs, favorece a democratização do acesso ao material de avaliação, permitindo que profissionais de áreas mais remotas apresentem seus trabalhos de forma inequívoca. A plataforma online, por sua vez, reduz a burocracia e acelera a fase de inscrição, embora exija dos candidatos um domínio básico de tecnologias de informação. O suporte por e‑mail até três dias úteis antes do término das inscrições demonstra uma preocupação administrativa em minimizar falhas de comunicação que poderiam prejudicar a participação de interessados. Em termos de impacto econômico, a projeção de 150 contratações pontuais ao longo de dois anos pode representar um salto significativo na renda média dos artistas, especialmente aqueles que dependem de trabalhos esporádicos. A descentralização potencial – com municípios como São José e Palhoça acionando o banco diretamente – pode também reduzir custos logísticos e de deslocamento para as comunidades, mantendo os recursos dentro do estado. Por fim, a criação de relatórios semestrais de uso do Banco permitirá a avaliação contínua de demandas setoriais, possibilitando ajustes finos nas políticas de incentivo cultural. Em suma, o edital não só institucionaliza o processo de seleção, como também lança as bases para uma cultura de excelência e transparência que poderá servir de modelo nacional.

  • Ismael Brandão
    Ismael Brandão

    Fala pessoal! A FCC realmente acertou ao abrir esse edital; agora quem trabalha com arte tem um canal oficial que pode abrir portas sem depender só de indicações. É importante ficar de olho nos documentos exigidos – currículo detalhado, portfólio online e comprovante de residência – porque qualquer falha pode tirar a gente da lista. Lembre‑se também de atualizar os dados regularmente, porque a convocação pode acontecer a qualquer momento. Se precisar de ajuda com a plataforma, o e‑mail de suporte está à disposição até poucos dias antes do prazo final. Vamos nos organizar, preparar portfólios bem apresentáveis e aproveitar essa oportunidade para fortalecer a cena cultural catarinense!

  • Fernanda De La Cruz Trigo
    Fernanda De La Cruz Trigo

    Essa iniciativa é essencial para profissionalizar nossos ofícios artísticos.

  • Thalita Gonçalves
    Thalita Gonçalves

    É indignante que, ainda em pleno século XXI, ainda dependamos de redes informais para garantir a subsistência de nossos artistas; o edital da FCC representa, porém, um passo indispensável rumo à institucionalização da cultura catarinense. Ao estabelecer critérios objetivos de pontuação, a fundação elimina o favoritismo que tanto tem corroído a credibilidade das contratações públicas. A exigência de documentação rigorosa – currículo, portfólio, comprovante de residência – demonstra um comprometimento sério com a transparência, ainda que alguns vejam isso como burocracia excessiva. Contudo, a validade de dois anos, com possibilidade de prorrogação, assegura continuidade e estabilidade para os profissionais credenciados. O fato de o Banco de Oficineiros servir a municípios pequenos como São José indica que a política não se restringe às grandes capitais, mas alcança o interior, fomentando a descentralização cultural. É imperativo que os interessados preencham corretamente todos os campos na plataforma, pois qualquer erro pode resultar em exclusão automática, o que seria um desserviço ao talento local. Por fim, a divulgação dos resultados no Diário Oficial confere maior publicidade ao processo, permitindo que a sociedade fiscalize e cobre a efetividade das contratações.

  • Jocélio Nascimento
    Jocélio Nascimento

    Concordo plenamente com a análise apresentada; a formalização traz a segurança necessária para que os ofícios artísticos sejam reconhecidos como pilares da política pública.

  • Raif Arantes
    Raif Arantes

    Mas não se enganem, essa “transparência” pode ser apenas fachada; quem controla a comissão tem poder de decidir quem realmente vai receber a grana, e isso pode ser usado para favorecer grupos específicos.

  • Sandra Regina Alves Teixeira
    Sandra Regina Alves Teixeira

    A descentralização cultural proposta pelo Banco de Oficineiros pode transformar cidades do interior, permitindo que escolas e centros comunitários acessem mestres de dança, teatro ou fotografia sem precisar esperar por projetos externos.

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